EMOÇÕES HUMANAS

O que são as emoções? - Para que servem? - Como se exprimem? - Como nos afectam? - Visão biológica - Visão médica - Visão psiquiátrica - Visão psicológica - Visão filosófica - Visão espiritual - Afectividade e saúde - Perturbações e doenças da emoções - Emoções não conscientes e conscientes - Os relacionamentos e as emoções - A comunicação emocional - A regulação das emoções - Como as emoções auto-organizam a mente - Como as emoções mantêm a mente integrada e unida - O conceito do EU - O Código das Emoções para o bem-estar e a felicidade.

TEXTOS de Nelson. S. Lima

Ser inteligente é....

ABRIR A SUA MENTE A
UMA NOVA VISÃO DO MUNDO
Na última década, a nossa atenção tem-se focalizado bastante na importância das emoções na nossa vida. Aprendemos a reconhecer que existem emoções primitivas e instintivas como o medo e a ira e emoções sociais como a vergonha ou o desprezo. Percebemos também que as emoções podem ser simples ou, então, combinadas, o que nos oferece um cardápio extraordinariamente variado que vivemos conforme as diferentes situações da vida. Soubémos também que as emoções geram-se a partir do corpo e exprimem-se também no corpo. Elas são, de facto, muito físicas e reactivas, mais do que os sentimentos que são mais psíquicos e duradouros, como o amor. E também descobrimos que as emoções interferem na nossa percepção sobre a vida.

Foi o filósofo existencialista Sartre quem, em meados do século XX, disse que as emoções mudam a qualidade com que vivemos e transformam o nosso olhar sobre a existência. Se estivermos tristes veremos o mundo sob um manto mais cinzento do que se estivermos alegres. São, pois, cruciais para a experiência do viver, em especial nas relações com os outros. Por isso, ensinaram-nos a desenvolver a inteligência emocional para nos conhecermos melhor e adoptarmos atitudes e comportamentos que nos garantam mais sucesso na interacção com os outros

Ultimamente tenho reflectido sobre uma outra importante capacidade que é decisiva na nossa relação com o mundo e que influencia a gestação das emoções e dos sentimentos. É a percepção.

Há muito estudada, a percepção permite-nos, através dos sentidos, captar e depois interpretar o mundo. Mas o processo é mais complexo pois é através da percepção que nós também tomamos decisões e fazemos escolhas, incluindo estilos de vida. A percepção leva-nos, através da aprendizagem, a estabelecer visões do mundo próprias de cada cultura, de cada comunidade e de cada família. Por exemplo, na cultura japonesa mais tradicional, o amor traduz um sentimento ligeiramente diferente do que sentimos no Ocidente. Ele é interpretado como um sentimento que pertence a duas pessoas; na verdade, a verdadeira união em que o amor de um é o amor do outro (o meu amor por ti é também o teu amor por mim). No Japão tradicional, não há o amor de um só sentido como nas culturas ocidentais em que pode não haver reciprocidade (eu sinto amor por ti e, espero, tu sentes amor por mim).

Vem tudo isto a propósito da cultura em que estamos mergulhados e que nos adaptou às suas regras, crenças, dogmas, conceitos, etc. Ficamos, de facto, prisioneiros da cultura que recebemos, incluindo a educação. Isto é especialmente marcante nos primeiros seis anos de vida em que somos como esponjas que absorvem tudo, de bom e de menos bom, e que vai constituir a nossa personalidade e marcar os nossos comportamentos.

Já adultos, mesmo na idade da sabedoria, continuamos de certa forma presos a convenções, ideias e convicções que adoptámos durante a vida, muitas vezes sem um mínimo de espíríto crítico que nos ajudasse a ser mais afirmativos e independentes. Muitos nos nossos actos foram aprendidos inconscientemente e reagimos da mesma forma: automaticamente.

Há nisto um certo tipo de prisão e de obediência, mesmo julgando-nos livres para afirmar que tudo não passa de escolhas pensadas. Sim, pensadas, mas resultantes de respostas que ficaram para sempre condicionadas por aquilo que nos ensinaram. Lembremo-nos que, durante milhões de anos, as pessoas pensavam que o Sol andava a volta da Terra, todos os dias. Isso influenciava a forma como elas viviam.

Ainda há muitas percepções erradas como esta e que condicionam a nossa vida. Se quizermos continuar a evoluir, teremos de ser mais críticos.

PASSE À PÁGINA SEGUINTE

PASSE À PÁGINA SEGUINTE