EMOÇÕES HUMANAS

O que são as emoções? - Para que servem? - Como se exprimem? - Como nos afectam? - Visão biológica - Visão médica - Visão psiquiátrica - Visão psicológica - Visão filosófica - Visão espiritual - Afectividade e saúde - Perturbações e doenças da emoções - Emoções não conscientes e conscientes - Os relacionamentos e as emoções - A comunicação emocional - A regulação das emoções - Como as emoções auto-organizam a mente - Como as emoções mantêm a mente integrada e unida - O conceito do EU - O Código das Emoções para o bem-estar e a felicidade.

TEXTOS de Nelson. S. Lima

O Ser Humano

De onde vem? Para onde vai?

Dentro das espécies que nos precederam há milhões de anos, os indivíduos mais dotados, mais perspicazes, mais fortes, mais hábeis e mais inventivos influenciaram e determinaram o destino dos diferentes grupos de hominídeos. Os mais inteligentes tornaram-se nos líderes, nos empreendedores, nos inventores e nos descobridores que protagonizaram os pequenos avanços técnicos, sociais, políticos e culturais das sociedades primitivas.

Descendemos pois de espécies que certamente foram as mais vigorosas que sobreviveram às múltiplas dificuldades de sobrevivência no tempos mais recuados da pré-história.

Desses seres mais capazes não restam nomes mas apenas a marca da sua passagem através dos vestígios arqueológicos e das grandes transformações que provocaram no destino da Humanidade desafiando o determinismo biológico que durante milhões de anos aprisionou os hominídeos a uma vida dominada sobretudo pela mente instintiva.

Os conteúdos da nossa memória biológica datam de há mais de 25 milhões de anos - talvez mesmo 60 milhões de anos - quando os primeiros primatas (ou proto-primatas) surgiram nos territórios que actualmente constituem a América do Norte.Segundo o professor de arqueologia e antropologia Paul Jordan (2001), duas inteligências datam desse tempo: a visuo-espacial (que permite compreender territórios e traçar percursos e rotas) e a social (facilitadora de relações interpessoais, da partilha, da cooperação e da coesão dos grupos).

Muito mais tarde, o crescimento do cérebro, acelerado por novas e necessárias aprendizagens e crescentes desafios ambientais e sociais, facilitou o desenvolvimento da criatividade e da capacidade inventiva, sobretudo a partir dos últimos 150 mil anos. Desde então o volume do cérebro humano atingiu os valores que ainda se mantêm. O aumento da capacidade intelectual passou a depender dos esforços de adaptação ao meio e das inovações culturais e sociais.

O que originou a inteligência humana?
Esta é uma questão ainda em aberto. Há várias hipóteses. O bipedismo (que permitiu a marcha e uma visão mais vasta do horizonte) e posteriormente a linguagem originaram transformações radicais nas sociedades primitivas. Isto originou saltos qualitativos na evolução. Vários autores destacam a linguagem como o factor determinante para a inteligência humana.Há cerca de 5 ou 6 milhões de anos, o aparecimento da cultura dos australopitecus originou algumas estruturas sociais essenciais, nomeadamente a ligação entre casais para reforçar a protecção, aumentar a cooperação na obtenção de alimento e assegurar a sobrevivência da espécie através de uma maior protecção das crianças.

Outra mudança extrordinária e vital deu-se há cerca de 2 milhões de anos quando, gradualmente, o tamanho do cérebro começou a expandir-se e tornou possível aumentar a capacidade de memória e de aprendizagem

Para Edgar Morin (2000) a caça foi a grande impulsionadora da inteligência humana fazendo dos homens primitivos intérpretes de um grande número de estímulos sensoriais ambíguos e fracos que passaram a constituir sinais, indicações, mensagens, espevitando a inteligência, e "fazendo-a lutar por aquilo que há de mais hábil e de mais manhoso na natureza, o animal presa e o animal predador, pois ambos dissimulam, esquivam e enganam".

Já o professor Jonathan H. Turner (2003) defende que foram as emoções , ou seja, o amplo leque de emoções de que o ser humano dispõe, que lhe permitiram desenvolver competências sociais, nomeadamente formas arcaicas de linguagem e, posteriormente, a fala, aumentando dessa forma a inteligência. Com efeito, a capacidade cognitiva necessária para se viver em grande grupos é considerável pois estes são instáveis, exigentes, feitos de indivíduos heterogéneos e, por conseguinte, exigindo de cada um várias aptidões como a memória, a capacidade de interpretar, compreender e prever as reacções dos outros, e a comunicação interpessoal.Ao longo de muitos milhares de gerações o cérebro foi acumulando novas estruturas e desenvolvendo novas capacidades à medida que os humanos primitivos procuravam adaptar-se ao mundo hostil que os rodeava e para o qual tinham permanentemente de estar preparados para se defenderem.

A evolução da mente terá partido, por conseguinte, dos centros operacionais arcaicos (apenas necessários à sobrevivência) chegando lentamente às actuais estruturas cognitivas responsávais pelo pensamento e a auto-consciência.

Muitas questões mantêm-se, porém, em aberto. Na verdade, onde apareceu a nossa espécie? De quem descendemos, efectivamente? Como nos tornamos tão inteligentes ao ponto de transformarmos radicalmente a superfície do planeta Terra?

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