VIVENDO ENTRE A INTELIGÊNCIA E A ESTUPIDEZ
No imenso (centenas de milhões de anos) e lento processo da
Evolução da natureza - que nos permitiu aceder à nossa existência - o acaso
teve um papel determinante. Ao contrário do que por vezes somos tentados a
admitir, nada do que existe na natureza foi fruto de um plano meticulosamente
desenhado por algum autor.
A crença num deus maior que se propôs pensar, planificar,
desenhar e criar o grande universo onde vivemos é um dos grandes mitos da
humanidade e que ainda serve de sustento a muitas religiões. A criação do mundo
em 7 dias, por exemplo, configura uma visão ingênua e até mágica de um processo
que já se sabe teve uma história completamente diferente.
Os homens não apareceram do nada nem as aves, nem os
mamíferos, nem os peixes, nem os répteis, nem os insectos, nem as plantas.
Todos tiveram antepassados menos complexos, menos hábeis e menos aptos.
Recuando no tempo vamos encontrar outros seres vivos que começaram sua carreira
triunfal como simples mas poderosas partículas de energia e informação.
Depois, milhões e milhões de anos de evolução, adaptação e
acasos diversos formaram o mundo que hoje conhecemos. E, no meio de todo esse
grande teatro da Vida, chegou a nossa vez. O nosso sistema nervoso teve um
papel particularmente importante pois veio dotado de um cérebro complexo que
nos permite hoje refletir sobre o mundo e sobre nós mesmos.
Interrogamo-nos muitas vezes quem somos. Eu próprio já aqui
disse que a derradeira resposta que nos falta para superarmos o problema da
nossa própria sobrevivência é sabermos quem somos.
Pela ciência sabemos que somos seres vivos, de uma única
espécie, do género "homo" e pertencendo à ordem dos primatas, etc.
Mas somos dotados de uma série de capacidades e habilidades mentais e motoras
que nos permitiram tornar no ser vivo melhor sucedido do planeta (pelo menos
dentro dos limites do conhecimento que temos ao nosso dispor).
Muitos pensadores se têm interrogado sobre a nossa natureza
e o que fez de nós humanos com todas as características conhecidas, incluindo a
de sermos capazes de planificar o nosso futuro - uma das grandes conquistas do
cérebro!
Maravilhamo-nos com a beleza de muitas coisas que fazem o
nosso mundo um lugar habitável e escandalizamo-nos também com muitas das
fracassadas tentativas de nos superarmos a nós próprios como quando
desencadeamos guerras para a conquista de territórios ou de outras supostas
riquezas (como as guerras religiosas ou políticas que visaram impor uma nova
ordem onde tiveram lugar).
Entre a inteligência e a estupidez (estupidez que conduz
também à agressividade e à maldade) apenas existe uma tênue linha de separação.
Nesse estreito espaço que separa os nossos comportamentos reside o futuro da
humanidade. Para que lado vamos seguir?
Até agora temos estado ora de um lado ora do outro.
Parece-me que é chegado o tempo de optarmos pela inteligência. O mundo seria
mais pacífico, mais seguro e mais belo!
Que cada um de nós cumpra a sua missão! E que vingue a
inteligência!
Nelson S Lima