Na capa da revista "Sciences et Avenir", de Dezembro 2010, refere-se que "as emoções tornam-nos mais inteligentes". Os depoimentos dos vários cientistas ouvidos pela revista (incluindo António Damásio) apontam todos no sentido de que podemos aprender a ser emocionalmente inteligentes, ou seja, sabermos tomar decisões com a ajuda das boas emoções e evitando fazê-lo quando estamos sob o efeito daquelas que nos sejam nocivas. A essa técnica se dá o nome de "regulação emocional".
Dado que, como escreveu António Damásio, "uma decisão
racional é uma decisão impossível" devemos então fazer uma aprendizagem
sobre a natureza das emoções e de como elas atuam no nosso corpo e influenciam
os nossos comportamentos.
A ligação das emoções aos instintos é também muito forte e,
frequentemente, é essa ligação que determina muitas das nossas reações,
sobretudo as impulsivas.
Não nos esqueçamos que, devido à história do nosso cérebro,
os instintos e as emoções marcam a maioria das nossas escolhas e
comportamentos. Por isso é que a nossa capacidade analítica e racional - mesmo
exigindo reflexão atenta - está sempre sob influência do nosso humor (estado de
espírito) e dos muitos tipos de emoções (e da sua intensidade) que fazem parte
do nosso espólio biológico.
Convém ter em conta que o equilíbrio emocional é decisivo.
Se estivermos muito alegres e eufóricos estaremos muito mais sujeitos a
precipitar-nos em decisões irracionais e impulsivas. Se estivermos deprimidos
poderemos cometer diversos erros (nomeadamente de apreciação). Já se a apatia
nos dominar a alma é muito provável que demos menos atenção às coisas e
tenhamos dificuldade em tomar qualquer decisão.
Para a "otimização emocional" devemos enveredar
por uma aprendizagem que envolva as seguintes 5 áreas:
- sabermos identificar e diferenciar as nossas emoções
(sobretudo as mais correntes);
- localizar os fatores que estejam a provocar e a promover
as nossas emoções (por que estamos encolerizados? ou ansiosos? ou tristes? ou
envergonhados? etc.);
- melhorar a forma como expressamos socialmente as nossas
emoções;
- regular (equilibrar) o nosso humor através de ações (por
exemplo, se estivermos tristes procuremos algo que nos distraia em vez de nos
isolarmos; por vezes basta sairmos, caminharmos, lermos, vermos um filme,
conversarmos com amigos, etc.);
- utilizar as emoções como alavanca para fazermos coisas
interessantes e que nos dêem prazer e motivação.
Nelson S Lima