O sorriso é uma manifestação tipicamente humana envolvendo
uma das expressões faciais que mais frequentemente observamos nas pessoas.
Sendo uma representação física de um estado mental (uma emoção, um sentimento),
ele funciona como um artefacto que está presente na comunicação humana.
Na convivência social, o sorriso alivia tensões, facilita as
relações, gera confiança. Por isso mesmo, uma pessoa naturalmente sorridente
torna-se, aos olhos dos outros, numa pessoa simpática, atraente e cativante.
O sorriso é provocado de forma espontânea por estados
emocionais geralmente associados ao prazer, à gratidão ou à surpresa agradável.
Ele exprime-se através de uma série de músculos faciais cujo controlo é gerado
automaticamente pelo sistema límbico, área do cérebro responsável pelas
emoções. Isto significa algo muito interessante: todo o sorriso genuíno escapa
a qualquer controlo consciente e por causa disso é muito difícil de evitar e
também de inventar.
Não obstante, o sorriso é muitas vezes utilizado para
ludibriar os outros. Há quem, com grande treino, consiga exibir sorrisos com
alguma expressividade como acontece no teatro e no cinema. Na vida social, nos
negócios e na política, os falsos sorrisos são também um recurso frequente para
a obtenção de um clima simpático, gerador de confiança.
Por exemplo, os
vendedores aprendem a sorrir com alguma convicção para obterem uma atmosfera
que dilua dúvidas nos potenciais compradores. O sorriso é pois uma ferramenta
auxiliar da persuasão. Infelizmente, os falsos sorrisos, que escapem à atenção
da vítima, podem ter consequências desastrosas quando são usados para enganar e
obter vantagens menos lícitas junto de alguém.
Qual é a diferença decisiva?Acontece, porém, que um falso
sorriso é muito diferente de um sorriso genuíno, o que nos permite detectá-lo e
assim preparar-nos para nos protegermos.
Vejamos os mecanismos do sorriso: aquele que é verdadeiro
exprime-se através de dois grupos de músculos faciais: o chamado “zigomático
maior” e o "orbicularis oculi". O primeiro altera a boca; o segundo
afeta o aspecto dos olhos. Ora bem, quando uma pessoa finge que está a sorrir apenas
consegue controlar os músculos da boca. Não os dos olhos.
É que a expressão do sorriso nos olhos é controlado
automaticamente pelo sistema límbico e fica inacessível a qualquer manipulação.
Assim, não havendo uma genuína emoção que dê origem a um sorriso verdadeiro, os
olhos ficam inexpresssivos ou então adquirem um aspecto estranho, não
correspondente à emoção que se pretenda transmitir.
Quando alguém sorrir para si, não se deixe cativar apenas
pela impressão geral. Se tiver dúvidas da sinceridade do interlocutor fixe a
sua atenção nos olhos da pessoa e certifique-se que eles também
"sorriem", isto é, se a expressão em torno deles se modificou de
forma correspondente à da boca ou se, pelo contrário, se mantiveram inalterados
ou com um aspecto desajustado do sorriso que a boca exibe.
Nelson S Lima